domingo, 10 de novembro de 2013

"Abat- Jour"


Você me pergunta porque eu fico sem falar...
Porque  este é o grande instante em que
existe o beijo e o olhar,
porque é noite... esta noite eu gosto de você!
Chegue-se bem a mim. Eu preciso de beijos.
Ah! se você soubesse o que há, esta noite, em mim
de orgulhos, ambições, ternuras e desejos!
Mas, não, você não sabe, e é bem melhor assim...
Abaixe um pouco mais o "Abat-jour"! Está bem...
É na sombra que o coração fala e repousa:
tanto mais os olhos vêem,
quanto menos se vêem as cousas ...
Hoje eu amo demais para falar de amor.
Venha aqui bem perto ! Eu queria
ser hoje, seja como for,
aquele que se acaricia...
Abaixe ainda mais o "Abat-jour".
Vamos ficar sem dizer nada.
Eu quero sentir bem o gosto
das suas mãos sobre o meu rosto!...
Mas quem está aí? Ah! a criada
que traz o café... Não podia
deixar aí mesmo?  Não importa !
Pode ir-se embora!... E feche a porta!...
Mas o que é mesmo que eu dizia?
Quer... agora o café?  Se você preferir...
Já sei: você gosta bem quente.
Espere um pouco! Eu mesmo é que quero servir.
Está tão forte!... Assim? Mais açúcar? Somente?
Não quer então que eu prove por
você?... Aqui está, minha adorada...
Mas o que escuro! Não se enxerga nada...
Levante um pouco mais esse "abat-jour".

Paul Géraldy

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