terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Considerações sobre o nada I

Andando pelas ruas da cidade, não poso deixar de notar o alvoroço causado pelas meninas e meninos, cambaleantes, entorpecidos pela idiotice. Eles se colocam na frente dos carros, alguns sorridentes, exultantes, quase em delírio com sua cabeça raspada, o rosto e o corpo pintados, outros com semblante abatido, como ovelhas indo ao matadouro, incrédulos mas incapazes de escapar, de se rebelar de dizer não. A missão de cada um é pedir, implorar, sujeitar-se a humilhação e sorrir, agradecer e sorrir, obedecer e sorrir. Mansos, subjugados por eles os "veteranos".

Pergunto-me quem são? Estudantes cheios de sapiência? Jovens imbuídos de nobres propósitos? Nobres criaturas ou apenas um bando de crianças, sem critério, sem padrões de certo e errado, com ideias distorcidas, corrompidos pela bestialidade, vingativos, passando adiante a humilhação que receberam, dando continuidade a estupidez, ao aniquilamento da educação e da delicadeza.
Sinto vergonha por eles, sinto vergonha por todos nós que assistimos passivamente ao desile da falta de senso. Apáticos, abatidos incapazes de mudar, de gritar, de dizer : Basta!

O que será preciso para que alguém se levante e exija a mudança?

Não basta a morte de jovens inocentes? Já não vimos o suficiente? 

Chega, não quero mais compactuar com essa turba, quero assumir uma postura diferente, quero dizer claramente que não concordo com isso. Eu não aceito que meus filhos sejam forçados a participar desse triste espetáculo. Será que sou só eu?

Ethel Joyce Borges

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